RESULTADOS DO TESTE DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
RESULTADOS DO TESTE DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS DO TESTE DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Nesta seção, apresentamos um texto descritivo sobre cada uma das respostas ao Teste.
Se você tiver alguma dificuldade com os gráficos, poderá sempre utilizar as descrições para sua compreensão.
Vale lembrar ainda que, nesse momento da ação, o objetivo não é discutir ou problematizar os resultados que encontramos, à luz das referências científicas.
Questão 1 - Você está respondendo esse teste pela ocasião do nascimento de qual filho?
Do total de respostas recebidas,
82% referiram-se ao nascimento de um primeiro filho: foram 1604 mulheres que avaliaram os cuidados que receberam enquanto primíparas, ou seja, mulheres que nunca haviam passado pela experiência de dar à luz.
É justo que se espere cuidado e acolhimento especial por parte dos profissionais de saúde nesses casos?
Questão 2: Que tipo de parto você teve?
A amostra confirma exatamente as mesmas
estatísticas nacionais, segundo informações do
DataSUS tabuladas em 2011, pela reportagem que ganhou a capa da Folha de São Paulo em uma edição de domingo:
52% das mães tiveram seus bebês por meio cirúrgico.
Questão 3:Onde foi o seu parto?
A maioria das mulheres participantes (56%) é também consumidora dos planos de saúde.
Em seguida, estão as mulheres que tiveram seus bebês em maternidades SUS, representando 26% da amostra.
Chama atenção também o número de respondentes que tiveram seus bebês em partos domiciliares planejados:
foram 75 mulheres, que resultaram em 4% da amostra, superando a quantidade total de nascimentos em Centros de Parto Normal.
Questão 4: Você foi acompanhada por uma doula?
A maioria absoluta das mulheres ainda prescinde da contratação de uma doula particular para o acompanhamento profissional do trabalho de parto e parto: 1644 mulheres pariram sem os cuidados de uma doula.
Para aquelas que tiveram seus filhos no SUS, o número é menor ainda:
apenas 3% da amostra teve a assistência de uma doula da própria maternidade.
Vale lembrar que a doula é acompanhante experiente para o parto, por meio do suporte emocional contínuo; e não tem competência técnica ou respaldo profissional para a realização de procedimentos obstétricos, de enfermagem ou médicos.
Questão 5: Qual sua faixa de idade no momento do parto?
1672 mulheres, ou seja, 85% das respondentes, tiveram seus filhos entre os 20 e 35 anos de idade.
Observe que outras faixas etárias também estão representadas, confirmando então que, gravidez não é necessariamente doença, nem aos 20 ou antes deles, nem aos 30, nem aos 40.
Questão 6: Como você se considera em função da cor da sua pele?
Diante das opções de resposta, as mulheres se declaram:
74% com a cor da pele branca (1455 mulheres);
21% se disseram parda, morena ou mulata (408 mulheres);
3% do total se declararam negras (61 mulheres); e
apenas 4 mulheres informaram ser de etnia indígena.
Questão 7: Durante a internação, algum profissional de saúde: (mais de uma alternativa poderia ser escolhida)
A questão 7 trazia condutas de comunicação verbal,acolhimento, respeito a individualidade da cada mulher.
Os resultados surpreendem:
apenas 53% das mulheres sentiram-se realmente acolhidas, com respeito e dignidade.
Além disso, essas mesmas mulheres também marcaram opções que representam desrespeitos (103%).
Isso mostra que mesmo entre as mulheres, falta a problematização sobre quais são seus direitos, o que é um bom acolhimento e até onde pode ir a equipe de saúde.
Esta mesma dinâmica, de marcação de opções em princípio contraditórias, ocorre nas questões 8 e 9.
Questão 8: Durante a sua internação, você: (mais de uma alternativa poderia ser escolhida)
Nesta questão, as mulheres relatam suas percepções de risco e como perceberam a qualidade do acolhimento que tiveram.
Medo e insegurança são as respostas mais freqüentes.
Mais uma vez, o Teste da Violência registra que
apenas 43% das respondentes avaliaram que se sentiram seguras e confiantes, também em razão dos cuidados recebidos.
Questão 9: Foram realizados os seguintes procedimentos médicos sem que tenham pedido seu consentimento ou explicado porque eram
necessários? (mais de uma alternativa poderia ser
escolhida)
Quase metade das mulheres (45% ou 894 respondentes) referiu ter sido esclarecida sobre os todos os procedimentos obstétricos praticados em seus corpos.
De modo direto, o teste da Violência Obstétrica questionou se houve consentimento esclarecido antes da realização de algumas práticas que já foram comprovadas como prejudiciais ou que necessitam de uso criterioso.
Infelizmente, um quarto da amostra sofreu episiotomia sem consentimento prévio, quase 500 mulheres!
Questão 10: Durante o trabalho de parto e/ou parto, em qual posição você ficou para o bebê nascer? (mais de uma alternativa poderia ser
escolhida)
Apenas um quarto da amostra teve liberdade de movimentos durante o trabalho de parto e parto.
A liberdade de movimentos é uma recomendação de alívio da dor e favorece o desenvolvimento do processo fisiológico.
34% ou pariram em posição litotômica, a pior posição para a mulher no parto natural, e a melhor posição para o obstetra no parto convencional.
Questão 11:Você foi impedida de ser acompanhada por uma pessoa familiar de sua livre escolha em algum momento durante sua internação? (mais de uma alternativa poderia ser escolhida)
Toda mulher tem o direito assegurado pela Lei
11.108/2005 de ter um acompanhante de sua livre escolha no acolhimento, pré-parto, parto e pós-parto imediato.
Os planos privados de saúde são obrigados a cobrir as despesas de um acompanhante por todo o período de internação, incluindo a taxa de paramentação, a alimentação e a acomodação adequada para pernoite.
O Teste da Violência Obstétrica encontrou que a maioria das mulheres ainda tem dificuldades para acessar este direito em sua plenitude.
Questão 12: Logo após o nascimento, ainda na sala de parto, antes dos primeiros cuidados com o bebê (colocar no berço aquecido, pesar, medir, outros), você: (mais de uma alternativa poderia ser escolhida)
Nesta questão, o Teste da Violência Obstétrica perguntou às mulheres se elas tiveram o direito de fazer contato físico precoce com seus bebês, e se foi permitida a amamentação ainda na sala de parto.
Contrariando as melhores evidências disponíveis, 52% das mulheres referiram ter apenas visto o bebê após o parto;
9% das respondentes afirmam que foram impedidas de fazer contato com seus bebês, mesmo tendo manifestado seu desejo por realizá-lo.
Apenas 18% da amostra (362 mães) colocaram seus bebês para mamar no pós-parto imediato.
Questão 13: Depois do parto, ainda no hospital, como você se sentiu? (mais de uma alternativa
poderia ser escolhida)
As três últimas perguntas do Teste da Violência Obstétrica avaliaram os sentimentos e o bem-estar emocional das mães respondentes.
Menos da metade das mulheres sentiram-se felizes e realizadas por todo o evento da chegada do bebê (47%).
Outros 36% consideram-se felizes apenas porque o bebê estava bem.
Questão 14: Como você se sentiu nas primeiras semanas após o parto? (mais de uma alternativa
poderia ser escolhida)
Após a alta hospitalar, no período puerperal, 53% das mulheres referiram sentir felicidade.
Em contrapartida, 41% ou 810 mães, relataram sentimentos confusos, e ao mesmo tempo, 38% delas também sentiam-se angustiadas.
Questão 15: Você acha que esses sentimentos têm a ver com as coisas que aconteceram no seu parto?
Para metade da amostra, 977 mulheres, seu bem-estar emocional no puerpério foi diretamente associado ao desfecho da gravidez, o modo como nasceram seus bebês.
20% das mães não associaram os eventos do parto com as emoções no pós-parto.
E ainda, 30% das mulheres referiram não ter feito nenhuma associação do tipo.